- she said to me.

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segunda-feira, agosto 30, 2010


A gente não é da gente.

                 Eu descobri a pouco tempo que ninguém é de ninguém. Chato, né? Mas nós realmente não somos de ninguém e ninguém nos pertence. As pessoas podem apenas fazer parte das nossas vidas. Algumas serão a sua vida inteira, mas as outras podem ser apenas um capítulo dela. Eu posso afirmar que não sou dona de ninguém nem dona de mim mesma, porque para ser dono de algo você tem que saber cuidar bem disso, ter cuidado com o seu patrimônio e acima de tudo, ser gentil com ele. E eu não sou assim nem comigo mesma. Acho que nem com os meus pais ou amigos, mas eles também não são assim comigo. Acho que a explicação é que somos egoístas, amamos mais a nós mesmos do que podemos amar qualquer outro mortal, porém, temos medo de afirmar isso porque os outros iriam nos julgar e como somos cheios de ilusões, achamos que os outros também nos amam mais do que tudo. Acho que essa é outra explicação. Temos mais medo de não sermos amados incondicionalmente do que de sermos julgados por alguém. Só que o nosso maior choque seria descobirir que aquela pessoa que mais queremos não nos pertence nem em um fio de cabelo. Mas eu, sinceramente, não sofri com isso. Descobri que aquela pessoa que eu mais quero que seja minha pode ser a minha vida inteira, o que eu tenho que fazer é apenas torná-la mais que um único capítulo. 
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domingo, agosto 29, 2010


Metáforas

              De repente você muda todos os seus conceitos de amores que não duram mais que uma noite, amores que acabam junto com a saideira do DJ. Sempre pensei que amores fossem como a sandália de salto que você estava usando naquela noite. Você chega com ela no pé como se fosse a Cinderela, essa sandália está complementando sua roupa perfeitamente, mas depois, começa a doer, machucar e você prefere um chinelinho, ou até ficar com o pé no chão e aquela sandália que horas antes era perfeita, fica num canto jogada, esquecida. Fim! Você descobriu que ela machuca muito e mesmo que ela seja linda, não quer mais usá-la. Acabou! 
              Mas depois de um tempo, você acha uma sandália linda e confortável e resolve sair com ela. Consegue dançar todas as músicas e chegar em casa com ela ainda no seu pé e ele está intacto. Fica feliz, afinal, achou o que precisava. Uma sandália dessas é rara de se encontrar e você promete a si mesma que não vai emprestá-la a ninguém. Ela é só sua! E sua procura finalmente acabou e você vai mostrá-la a seus filhos, guardá-la para sempre... Certo? Eu espero que sim.
              Enfim, você é a minha sandália, você vai além de qualquer noite boa ou ruim, você vai além de todos os meus sentimentos, você vai além do meu amor. Eu te guardarei na caixa enquanto eu respirar pois, só você consegue fazer minha caixa pulsar dentro do meu peito. Bater, pulsar, pular. Preciso dizer que te amo? Eu te amo. Quero tê-la para mim sempre, minha sandália.
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quinta-feira, agosto 26, 2010


Amor, amor, amor.

        Criança, ele pensava: amor, coisa que os adultos sabem. Via-os aos pares namorando nos portões enluarados se entrebuscando numa aflição feliz de mãos na folhagem das anáguas. Via-os noivos se comprometendo à luz da sala ante a família, ante as mobílias; via-os casados, um ancorado no corpo do outro, e pensava: amor, coisa-para-depois, um depois-adulto-aprendizado.
        Se enganava.
        Se enganava porque o aprendizado de amor não tem começo nem é privilégio aos adultos reservado. Sim, o amor é um interminável aprendizado.
        Por isto se enganava enquanto olhava com os colegas, de dentro dos arbustos do jardim, os casais que nos portões se amavam. Sim, se pesquisavam numa prospecção de veios e grutas, num desdobramento de noturnos mapas seguindo o astrolábio dos luares, mas nem por isto se encontravam. E quando algum amante desaparecia ou se afastava, não era porque estava saciado. Isto aprenderia depois. É que fora buscar outro amor, a busca recomeçara, pois a fome de amor não sabia nunca, como ali já não se saciara.
        De fato, reparando nos vizinhos, podia observar. Mesmo os casados, atrás da aparente tranqüilidade, continuavam inquietos. Alguns eram mais indiscretos. A vizinha casada deu para namorar. Aquele que era um crente fiel, sempre na igreja, um dia jogou tudo para cima e amigou-se com uma jovem. E a mulher que morava em frente da farmácia, tão doméstica e feliz, de repente fugiu com um boêmio, largando marido e filhos.
        Então, constatou, de novo se enganara. Os adultos, mesmo os casados, embora pareçam um porto onde as naus já atracaram, os adultos, mesmo os casados, que parecem arbustos cujas raízes já se entrançaram, eles também não sabem, estão no meio da viagem, e só eles sabem quantas tempestades enfrentaram e quantas vezes naufragaram.
        Depois de folhear um, dez, centenas de corpos avulsos tentando o amor verbalizar, entrou numa biblioteca. Ali estavam as grandes paixões. Os poetas e novelistas deveriam saber das coisas. Julietas se debruçavam apunhaladas sobre o corpo morto dos Romeus, Tristãos e Isoldas tomavam o filtro do amor e ficavam condenados à traição daqueles que mais amavam e sem poderem realizar o amor.
        O amor se procurava. E se encontrando, desesperava, se afastava, desencontrava.
        Então, pensou: há o amor, há o desejo e há a paixão.
        O desejo é assim: quer imediata e pronta realização. É indistinto. Por alguém que, de repente, se ilumina nas taças de uma festa, por alguém que de repente dobra a perna de uma maneira irresistivelmente feminina.
        Já a paixão é outra coisa. O desejo não é nada pessoal. A paixão é um vendaval. Funde um no outro, é egoísta e, em muitos casos, fatal.
        O amor soma desejo e paixão, é a arte das artes, é arte final.
        Mas reparou: amor às vezes coincide com a paixão, às vezes não.
        Amor às vezes coincide com o desejo, às vezes não.
        Amor às vezes coincide com o casamento, às vezes não.
        E mais complicado ainda: amor às vezes coincide com o amor, às vezes não.
        Absurdo.
        Como pode o amor não coincidir consigo mesmo?
        Adolescente amava de um jeito. Adulto amava melhormente de outro. Quando viesse a velhice, como amaria finalmente? Há um amor dos vinte, um amor dos cinqüenta e outro dos oitenta? Coisa de demente.
        Não era só a estória e as estórias do seu amor. Na história universal do amor, amou-se sempre diferentemente, embora parecesse ser sempre o mesmo amor de antigamente.
        Estava sempre perplexo. Olhava para os outros, olhava para si mesmo ensimesmado.
        Não havia jeito. O amor era o mesmo e sempre diferenciado.
        O amor se aprendia sempre, mas do amor não terminava nunca o aprendizado.
        Optou por aceitar a sua ignorância.
        Em matéria de amor, escolar, era um repetente conformado.
        E na escola do amor declarou-se eternamente matriculado.


Affonso Romano de Sant'anna

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sábado, agosto 07, 2010


Selo.

Recebi esse selo da Débora, blogueira do 'Mais Que Um Mero Poema' e fiquei muito agradecida, devo acrescentar. 

As regras são as seguintes: 1. Deixar um comentário nesse post; 2. Criar um post para o selinho; 3. Passar esse selinho para 6 pessoas ou mais.
Indico os seguintes blogs:

- Beatriz Rocha, blogueira do  'Do Lado Avesso'
- Crystal Uchôa, blogueira do 'Siga adiante'
- Mayara, blogueira do 'Segredos, Cigarros e Momentos'
- Maria Cecília, blogueira do 'Mantenho Controle'
- Luiza M., blogueira do 'De Pernas Pro Alto'
- Dri, blogueira do 'Cores Que Não Existem'

Bom, espero que gostem do selo tanto quanto eu gostei.
Beijos, bom sábado.
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quarta-feira, agosto 04, 2010


Sempre contigo.

            Pela manhã, ela acordou cedo. Bem cedo! Só que por sua surpresa, não estava de mal-humorada. Não estava com mau humor a muito tempo, devo acrescentar. Mas... Por quê? Qual era o motivo dessa onda de paz que a consumia? Bom, o motivo estava estampado na face dela. E quando digo face, falo no sentido literal. Boca, olhos, nariz, sobrancelhas e em seus dentes que insistiam em aparecer com um sorriso jocoso. Sua boca estava com lábios mais macios, sinal de muita manteiga de cacau ou de... Beijos. Seus olhos brilhavam mais que a Lua refletida a luz do Sol. Seu nariz demonstrava um alívio ao respirar. Suas sobrancelhas sorriam e seus dentes... Ah, seus dentes! Faziam parte do sorriso mais lindo já visto. Era de encantar qualquer um, mas azarados, os outros, não tinham a mínima chance. Ela já estava enfeitiçada por aquele menino que não saía de seus sonhos. E aquela poção já havia envolvido-a tão ferozmente e tanto que a cada batida de seu coração ela escutava o nome dele. Isso parece muito cansativo, eu sei, mas ela já havia se acostumado em ouvir o nome dele até no ar, e aquilo a deixava maravilhosamente bem. 
            E naquela manhã algo aconteceu. Ela havia acabado de sair do banho quando alguém tocou a campanhia. Ela olhou pelo olho mágico e seu coração acelerou e parou ao mesmo tempo. Demorou alguns segundos para se recuperar e, cautelosamente, abriu a porta, ainda sem acreditar no que viu pelo olho mágico. Era ele! Ela então surtou de vez! Porém ainda era controlada por parte de seus extintos educados e disse: "Olá!", quase gaguejando. Então ele lhe respondeu: "Oi. Olha, eu não sei o que aconteceu esta manhã, mas acordei com o seu gosto e a lembrança do seu rosto em minha mente. E eu não vou dizer que o tempo não parou naquele momento, eu espero por você desde a hora que eu acordei e isso se tornou uma eternidade para mim. E agora eu lhe peço que simplesmente me abrace, porém eu tenho que ir, só queria que soubesse que eu estarei sempre contigo e a cada manhã que eu acordar com você em mim, eu te amarei mais.", ele encerrou lhe dando um beijo na testa e então, partiu. Porém, nenhuma de suas palavras partiram juntamente a ele. Elas ecoram e se propagaram por sua mente, e tudo que ela conseguiu fazer foi acordar daquele sonho com seu amado. Mesmo sendo um sonho aquela foi a melhor memória de sua vida. Mas o sonho foi só mais um dos milhares que a faziam acordar cedo e ficar o dia inteiro sendo consumida por aquela onda de paz


Não filmei seus sonhos, mas gravei você nos meus. Eu te amo.


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