- she said to me.

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segunda-feira, maio 03, 2010


Quatro notas.

             "Sete dias com você no telefone, uma hora, e agora você some".

Manoela Gavassi - Quatro Notas.
1

Meus pés.

           Então eu percebi que meus pés estavam andando sem minha conscientização para longe dele, quer dizer, não só os meus pés, os meus olhos também agiam por conta própria, chamando a atenção para minha maquiagem derretida em minha face. Acho que deveria, pelo menos, estar chovendo para meu rosto ter este disfarce. Que dia mais injusto!
                  "Por quê tudo acabou?" - Perguntava-me várias vezes enquanto andava sem rumo.
            Nesse momento involuntário não conseguia, se quer, lembrar o motivo. Acho que a minha falta de amor o sufocou de dúvidas. Mas [...] por que eu, eu mesma, estou sofrendo? Eu que o fiz sofrer, isso é apenas um reflexo de minha falta de compaixão. Confesso que me diverti fazendo-o confuso, mas agora eu sofro. Sofro na alma. Agora ninguém mais se diverte. Nem eu e muito menos ele. Acho que enquanto me divertia não havia pensado nas consequências futuras, como por exemplo: o nosso fim. Por que eu insisto em falar "nosso"? Não havia mais: "nós", e muito menos: "nosso". 
           Aposto que a irrelevância relacionada ao nosso fim também o surpreendeu. O calor de suas últimas palavras ainda me atormentavam enquanto eu andava e no momento do fim, elas me congelaram, fazendo-me perder a fala, o pensamento e a respiração. Fiquei em estado de choque, talvez seja por isso que meus pés resolveram me tirar dali. Creio que tivera sido uma tática para proteger-me daquele menino que mexeu com minha estrutura emocional. 
           Agora andando em meio a rua sem ligar para os olhares assustados dos outros em meu lápis de olho que não é aprova d'água, eu só consigo me lembrar dele dizendo com um toque de doçura que partiu meu coração e fazendo-me, naquele exato instante, arrepender-me de tudo que ele havia passado. Ele havia dito: "Adeus, minha pequena. Eu sempre te amarei".
           E foi nesse momento, nem sequer um segundo após que sua última fala foi citada por aqueles lábios tão bonitos e doces, que meus pés decidiram me proteger e eu saí de lá, sem olhar para trás e sem dizer uma palavra.

ESSA HISTÓRIA É FICTÍCIA, OU SEJA, FOI CRIADA / INVENTADA POR MIM.
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