- she said to me.

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quinta-feira, junho 10, 2010


Sonho de uma noite de inverno.

         Seguro a minha respiração e atravesso pela porta. Aquela temível porta. Arrepios e calafrios passam vagarosamente por mim e essa sensação só piora e piora, piora, piora, piora. 
         Os sinos, agora, badalam a linda melodia casamenteira e ela entra. Linda, entusiasmada e sorridente. E embora todos estivessem sorrindo, inclusive ela, eu choro. E espero que essa maquiagem seja a prova d'água. Teria eu perdido tanto tempo assim? Perdi a minha chance? Terei outra? De uma coisa tenho certeza: "Estou a perder o amor de minha vida".
         Ooooops! Pensei alto demais para que me ouvissem. Que seja, quem liga? Ele será dela e eu estou aqui em pé como se eu reverenciasse isso. 
         Ainda posso me lembrar dele sorrindo juntamente com sorrisos meus. Triste lembrança que ja foi um fato feliz. 
         Droga, isso não acaba? O que eu tô fazendo aqui? Tá me obrigaram. Não, mentira. Ele me pediu com carinho para que eu viesse. Fui sempre sua melhor amiga e ex-namorada, não podia negar. O pensamento da palavra "ex" ainda me atormenta.
         Chegou a hora do "Aceito". E para minha triste felicidade eles disseram: "Sim!". Sim? Sim? Sim? Sim? Sim? Ah, definitivamente foi um S-I-M! Choro, choro muito e tremo-me de minhas pernas a cabeça, mas não posso sair daqui antes da hora de poder impedir esse casamento. Não posso. 
         Ainda em prantos chegou a hora de impedir que isso seja feito. Não perderei nada com isso , então farei! O padre pergunta e eu levanto-me dizendo:
                  - Eu tenho algo a acrescentar! Eu não posso começar isso sem ser totalmente clichê, não posso e não quero. Eu o amo, sempre o amei e sempre o amarei. Quero dizer-lhe que cada segundo sem você não se compararam aos que eu estive aqui nesta igreja perdendo-lhe. Eu não posso querer outra coisa do que estar com você. Ela é linda, maravilhosa, perfeita até, mas acho que nunca o amará como eu. Você é o que me faz sorrir, o que me faz forte. O brilho que encontrei em seus olhos foi o que me deu forças para seguir. O brilho que ofuscou todo o resto. O brilho que me fez estremecer. O que sinto por você, algo que nem sei como dizer. Não sei como explicar, pois as belas palavras fogem ao meu encontro. Como disse antes, pode ser algo clichê, mas é verdade. Procurei algo mais forte e bonito para falar, mas não achei. O amor que eu sinto por você vai além de palavras, pensamentos e até além do meu coração. Eu te amo de uma forma irracionalmente linda, você me completa, me faz feliz, me deixa ser eu mesma. Obrigada por tudo, mas obrigada mesmo por ter nascido e trazido para mim a esperança de que em algum lugar, existe alguém feito sob medida para minha mente, corpo e alma. Você é o ar que eu respiro com orgulho e a vida que eu quero cultivar por longos e felizes anos. Mas isso são apenas palavras diante do "sim" que você disse. Porém, eu precisava desabafar. Adeus! - Consegui!
         Naquele momento eu me desviava de olhares assustados vindos dos convidados daquele casamento, e então eu ouvi: "Eu te amei incondicionalmente até hoje de manhã, mas percebi que temos que seguir em frente e esquecer o que tivemos. Está tarde demais, mas ainda quero sua amizade. Posso tê-la?", disse-me ele à berros.
         "Sou muito legal pra te dar minha amizade! Beijos, te amo. Adeus novamente.", gritei sorrindo e caindo em prantos nervosos.
         Quando percebi, já havia partido e acordado desse sonho estranho. Sim, isso foi um sonho da Ana Clara. Um sonho de uma noite de inverno. 
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