Tocando temas com um piano desafinado
Mais ou menos errado, mais ou menos parado,
Sem sentido, um pouco ignorado,
Gritos ecoam, selam memórias, marcam.
Deus ainda chora, sempre rimos e o mundo esquece
O tempo da última prece
E ninguém aquece, ninguém acontece.
Você sente na pele
Os dias estão frios, as noites estão quentes.
Caminham num labirinto de vento
Vestindo pouco a pouco o esquecimento.
Somos o que fazemos para mudar o que fomos,
Mas se nada somos, virão apenas velhos outonos.
Uma lágrima no chão reagiu minha lentidão
Tocou meu coração, fiz o que precisava.
Ele chorava e eu perguntava:
"É comida? É uma casa?"
Mal a noite caia, ele dizia:
"Se quiser fazer algo por mim
Faça um verso sereno
E que ele me leve
Não somente até o céu, mas perto das estrelas".
Velhos Outonos - Rosa de Saron.