- she said to me.

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quinta-feira, agosto 26, 2010


Amor, amor, amor.

        Criança, ele pensava: amor, coisa que os adultos sabem. Via-os aos pares namorando nos portões enluarados se entrebuscando numa aflição feliz de mãos na folhagem das anáguas. Via-os noivos se comprometendo à luz da sala ante a família, ante as mobílias; via-os casados, um ancorado no corpo do outro, e pensava: amor, coisa-para-depois, um depois-adulto-aprendizado.
        Se enganava.
        Se enganava porque o aprendizado de amor não tem começo nem é privilégio aos adultos reservado. Sim, o amor é um interminável aprendizado.
        Por isto se enganava enquanto olhava com os colegas, de dentro dos arbustos do jardim, os casais que nos portões se amavam. Sim, se pesquisavam numa prospecção de veios e grutas, num desdobramento de noturnos mapas seguindo o astrolábio dos luares, mas nem por isto se encontravam. E quando algum amante desaparecia ou se afastava, não era porque estava saciado. Isto aprenderia depois. É que fora buscar outro amor, a busca recomeçara, pois a fome de amor não sabia nunca, como ali já não se saciara.
        De fato, reparando nos vizinhos, podia observar. Mesmo os casados, atrás da aparente tranqüilidade, continuavam inquietos. Alguns eram mais indiscretos. A vizinha casada deu para namorar. Aquele que era um crente fiel, sempre na igreja, um dia jogou tudo para cima e amigou-se com uma jovem. E a mulher que morava em frente da farmácia, tão doméstica e feliz, de repente fugiu com um boêmio, largando marido e filhos.
        Então, constatou, de novo se enganara. Os adultos, mesmo os casados, embora pareçam um porto onde as naus já atracaram, os adultos, mesmo os casados, que parecem arbustos cujas raízes já se entrançaram, eles também não sabem, estão no meio da viagem, e só eles sabem quantas tempestades enfrentaram e quantas vezes naufragaram.
        Depois de folhear um, dez, centenas de corpos avulsos tentando o amor verbalizar, entrou numa biblioteca. Ali estavam as grandes paixões. Os poetas e novelistas deveriam saber das coisas. Julietas se debruçavam apunhaladas sobre o corpo morto dos Romeus, Tristãos e Isoldas tomavam o filtro do amor e ficavam condenados à traição daqueles que mais amavam e sem poderem realizar o amor.
        O amor se procurava. E se encontrando, desesperava, se afastava, desencontrava.
        Então, pensou: há o amor, há o desejo e há a paixão.
        O desejo é assim: quer imediata e pronta realização. É indistinto. Por alguém que, de repente, se ilumina nas taças de uma festa, por alguém que de repente dobra a perna de uma maneira irresistivelmente feminina.
        Já a paixão é outra coisa. O desejo não é nada pessoal. A paixão é um vendaval. Funde um no outro, é egoísta e, em muitos casos, fatal.
        O amor soma desejo e paixão, é a arte das artes, é arte final.
        Mas reparou: amor às vezes coincide com a paixão, às vezes não.
        Amor às vezes coincide com o desejo, às vezes não.
        Amor às vezes coincide com o casamento, às vezes não.
        E mais complicado ainda: amor às vezes coincide com o amor, às vezes não.
        Absurdo.
        Como pode o amor não coincidir consigo mesmo?
        Adolescente amava de um jeito. Adulto amava melhormente de outro. Quando viesse a velhice, como amaria finalmente? Há um amor dos vinte, um amor dos cinqüenta e outro dos oitenta? Coisa de demente.
        Não era só a estória e as estórias do seu amor. Na história universal do amor, amou-se sempre diferentemente, embora parecesse ser sempre o mesmo amor de antigamente.
        Estava sempre perplexo. Olhava para os outros, olhava para si mesmo ensimesmado.
        Não havia jeito. O amor era o mesmo e sempre diferenciado.
        O amor se aprendia sempre, mas do amor não terminava nunca o aprendizado.
        Optou por aceitar a sua ignorância.
        Em matéria de amor, escolar, era um repetente conformado.
        E na escola do amor declarou-se eternamente matriculado.


Affonso Romano de Sant'anna

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sábado, agosto 07, 2010


Selo.

Recebi esse selo da Débora, blogueira do 'Mais Que Um Mero Poema' e fiquei muito agradecida, devo acrescentar. 

As regras são as seguintes: 1. Deixar um comentário nesse post; 2. Criar um post para o selinho; 3. Passar esse selinho para 6 pessoas ou mais.
Indico os seguintes blogs:

- Beatriz Rocha, blogueira do  'Do Lado Avesso'
- Crystal Uchôa, blogueira do 'Siga adiante'
- Mayara, blogueira do 'Segredos, Cigarros e Momentos'
- Maria Cecília, blogueira do 'Mantenho Controle'
- Luiza M., blogueira do 'De Pernas Pro Alto'
- Dri, blogueira do 'Cores Que Não Existem'

Bom, espero que gostem do selo tanto quanto eu gostei.
Beijos, bom sábado.
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quarta-feira, agosto 04, 2010


Sempre contigo.

            Pela manhã, ela acordou cedo. Bem cedo! Só que por sua surpresa, não estava de mal-humorada. Não estava com mau humor a muito tempo, devo acrescentar. Mas... Por quê? Qual era o motivo dessa onda de paz que a consumia? Bom, o motivo estava estampado na face dela. E quando digo face, falo no sentido literal. Boca, olhos, nariz, sobrancelhas e em seus dentes que insistiam em aparecer com um sorriso jocoso. Sua boca estava com lábios mais macios, sinal de muita manteiga de cacau ou de... Beijos. Seus olhos brilhavam mais que a Lua refletida a luz do Sol. Seu nariz demonstrava um alívio ao respirar. Suas sobrancelhas sorriam e seus dentes... Ah, seus dentes! Faziam parte do sorriso mais lindo já visto. Era de encantar qualquer um, mas azarados, os outros, não tinham a mínima chance. Ela já estava enfeitiçada por aquele menino que não saía de seus sonhos. E aquela poção já havia envolvido-a tão ferozmente e tanto que a cada batida de seu coração ela escutava o nome dele. Isso parece muito cansativo, eu sei, mas ela já havia se acostumado em ouvir o nome dele até no ar, e aquilo a deixava maravilhosamente bem. 
            E naquela manhã algo aconteceu. Ela havia acabado de sair do banho quando alguém tocou a campanhia. Ela olhou pelo olho mágico e seu coração acelerou e parou ao mesmo tempo. Demorou alguns segundos para se recuperar e, cautelosamente, abriu a porta, ainda sem acreditar no que viu pelo olho mágico. Era ele! Ela então surtou de vez! Porém ainda era controlada por parte de seus extintos educados e disse: "Olá!", quase gaguejando. Então ele lhe respondeu: "Oi. Olha, eu não sei o que aconteceu esta manhã, mas acordei com o seu gosto e a lembrança do seu rosto em minha mente. E eu não vou dizer que o tempo não parou naquele momento, eu espero por você desde a hora que eu acordei e isso se tornou uma eternidade para mim. E agora eu lhe peço que simplesmente me abrace, porém eu tenho que ir, só queria que soubesse que eu estarei sempre contigo e a cada manhã que eu acordar com você em mim, eu te amarei mais.", ele encerrou lhe dando um beijo na testa e então, partiu. Porém, nenhuma de suas palavras partiram juntamente a ele. Elas ecoram e se propagaram por sua mente, e tudo que ela conseguiu fazer foi acordar daquele sonho com seu amado. Mesmo sendo um sonho aquela foi a melhor memória de sua vida. Mas o sonho foi só mais um dos milhares que a faziam acordar cedo e ficar o dia inteiro sendo consumida por aquela onda de paz


Não filmei seus sonhos, mas gravei você nos meus. Eu te amo.


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segunda-feira, julho 19, 2010


Qual é a pior parte?

- Você sabe qual é a pior parte de ter um coração partido? - Ela perguntou.

- Não, talvez seja essa dor. - Ele respondeu triste, quase inconsolável.

- De fato não é a dor. É você se esquecer de como se sentia antes e... Você precisa manter aquele sentimento, porquê se deixá-lo ir, você irá se tornar um peso morto para o mundo e parar tudo que há nele. - Ela finalizou, seu coração já estava partido o bastante para continuar. 

       E eles continuaram sentados na calçada de sua velha casa. Jovens, desabrigados, com seus corações partidos e sem uma memória boa para recordar.

 Skins.
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sexta-feira, julho 09, 2010


Sunshine.

                 Eu sempre achei que após tempestades só haveria destruição e desilusão. É, eu estava profundamente errada. Após um caos, um tornado de emoções negativas e um tsunami de falsas esperanças, tudo ficou radiante. Um novo dia apareceu juntamente com o mais lindo dos sóis e facilmente arrancou do meu choro o mais lindo sorriso. E como se não fosse suficiente, conseguiu também acender a chama do sentimento mais lindo de todos. Um Sol tão poderoso só poderia ter o seu nome. Quatro letras, duas sílabas, três vogais e uma consoante. Essa sequência criou o nome do mais quente dos sóis, do mais radiante e do mais lindo de todos. Combinação não apenas de regras ortográficas, mas de cada pedaço de um ser maravilhoso tendo como resultado final a obra-prima perfeita, feita sob medida para mim. 
                 Cada respirar, olhar, abraçar, beijar, tocar, falar, escutar, sentir, cheirar, descobrir e amar me encaminha a querer-te cada vez mais. Me levam a querer tomar o Sol para mim, levam-me a ser extremamente egoísta e fazê-lo meu, mas dessa vez será por muito mais de 6 meses. Até porquê um Sol permanece intacto por mais de bilhões de anos, mesmo que bilhões de anos ainda não sejam suficiente para desgastar o meu amor. 

Eu te amarei até o fim.
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quarta-feira, julho 07, 2010


Rumo ao sempre.

             O silêncio ao meu lado mostrava, antes, como eu estava só. Não foi bem minha escolha ter ficado só. Juro, não foi. Quer dizer, não juro. Apenas lhe dou minha palavra. Embora tenha sido ou não minha escolha, não foi muito satisfatório esse tempo ausente. Não sei quem esteve em estado de ausência. Sério, não sei. Mas isso não faria diferença também. Não, não faz. Acho que nada fez diferença. Nada! Ainda somos nós dois. Sempre seremos assim. Porquê se tivesse feito diferença não estaríamos aqui, juntos, igual a antes, igual ao que sempre será. 
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domingo, julho 04, 2010


Enquanto meu coração,

          É um escudo, eu não vou o decepcionar. Enquanto eu tenho tanto medo de tentar, eu não falharei. Bom, então como podem dizer que estou viva se eu não arrisco? Eu nunca encontrei um lugar para chamar de lar. Eu nunca fiquei tempo suficiente para isso. Eu me desculpo mais uma vez, não estou apaixonada. Mas eu não me importo que seu coração não esteja exatamente quebrado. Desculpe. Mas isso é só um pensamento, um pensamento. Mas se minha vida esta á venda e eu não aprender a compra-la? Bom eu não mereço nada mais do que eu consiga, porque nada que tenho é realmente meu.
          Eu sempre pensei que eu adoraria viver perto do mar, viajar o mundo sozinha e viver minha vida mais simples. Mas eu não faço ideia do que aconteceu com esse sonho, porque não há nada aqui para me parar. Mas é só um pensamento, um pensamento. Mas se minha vida esta á venda e eu não aprender a compra-lá? Bom eu não mereço nada mais do que eu consiga, porque nada que tenho é realmente meu.


Life For Rent - Dido (é velha mas vale à pena escutar, sou viciada. ♪) 
Obs: Troquei a ordme ordem da música.

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É estranho,

                    Como em uma legião de pessoas nos sentimos vazios, mas com uma só nos sentimos completos. Como um telefonema pode ser a melhor parte do seu dia, que um msn com mais de 100 contatos online pode não conseguir te prender na frente do computador por conta do status de um único contato. Como ouvir o nome de alguém pode te dar calafrios. Como um abraço pode ser tudo. Que um filme pode ser tão especial. Como aquela música estranha pode descrever sua vida com aquela pessoa. Como um 'eu te amo' pode não ser nada se não vir dos lábios de quem você ama. Que mil beijos de outros meninos não podem se comparar com o dele. Como sua barriga sente calafrios quando seus olhos se encontram com os dele. Como seu corpo entra em sintonia quando o sente. Que seu coração pode se partir em mil e um pedaços, mas você continua amando-o com todas as partes. Como seus olhos entram em desespero a procura dos olhos dele. Como você treme só de pensar em abraçá-lo outra vez. Como você chora só de pensar que ele está com outra. Que uma música pode mover todos os seus sentimentos para uma só pessoa. Como seu coração sempre ganha do seu cérebro quando o assunto é se arriscar com ele. Como você o ama mais do que ama a si própria. Como se em cada abraço fosse como uma ida ao paraíso. Como você treme ao vê-lo entrar no msn. Que sua mão sinta dor de não poder digitar um 'oi' na janela dele. Que você não consiga segurar seu fôlego porque ele sempre o rouba de você. É engraçado como trocamos tudo por alguém que quase sempre nos dará nada em troca. Como quando sabemos que somos a mulher da vida dele, mas insistimos em nos disfarçar de melhores amigas só para não assustá-los. Que aguentamos quase tudo, até elogiamos a menina que ele gosta pelo simples prazer de falar com ele. Como as palavras fogem ao nosso encontro quando falamos com ele. Como o brilho de suas qualidades ofusca todos seus defeitos. É estranho como conseguimos sentir o melhor dos sentimentos por alguém que quase sempre não tem ideia disso. Como ele pode ser o primeiro pensamento ao acordar e o único na hora de dormir. É estranho como depois de um tempo começar a sentir tudo isso se torna normal.
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Querida,

Sempre que uma tempestade tomar de conta de seu dia ensolarado, aparecerá um arco-íris. Acredite, pois a ordem sempre será essa.
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sábado, julho 03, 2010


Ar poluído.

        Certa vez, concordei que o amor era o ridículo da vida, mas sinto como se eu estivesse depreciando algo tão comum como a nossa respiração. E um amor incompreendido seria como respirar um ar poluído que às vezes nem te faz tão mal, mas te incomoda e te faz querer parar de respirar. É como algo que instantaneamente não lhe faz mal, porém, futuramente talvez faça com que você sofra por isso. 
        Tá concordo que exista algo ridículo relacionado ao amor, mas este "algo" somos nós. No conceito correto da expressão "amor", podemos perceber que ele é o sentimento mais puro e mais significante que podemos sentir. E não há nada que possa roubar sua perfeição, sua pureza e sua beleza. Não quero afirmar que o amor é tudo, porque não é, mas quero compreender que sem ele a vida seria incompleta. O que eu quero falar é que se nós não pararmos de colocar obstáculos e dificuldades, ou não deixarmos de ofuscá-lo com outros sentimentos ruins não vamos, de fato, ver sua beleza.
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